Falha na qualificação térmica gera desperdício de vacinas no Brasil
Desperdício de vacinas contra a covid-19: 10 milhões de doses vencidas em 2022. Como os prejuízos poderiam ter sido evitados.
A quantidade de vacinas contra a covid-19 descartadas a cada ano no Brasil só aumenta. A baixa adesão à imunização é um dos fatores, porém o desperdício é provocado também pela falta de tempo hábil para distribuição. Isto é, os imunizantes chegam aos locais de aplicação com data de validade curta ou, pior, já vencida.
Esses problemas poderiam ter sido evitados com uma boa logística e um melhor planejamento de distribuição, além do cumprimento rigoroso dos padrões adequados de Qualificação e Validação, de acordo com a RDC 430.
Confira os detalhes a seguir!
Números do desperdício
Segundo o Ministério da Saúde, em 2021, quase 2 milhões de doses de vacina contra a covid-19 foram descartados. Em 2022, aproximadamente 10 milhões. Nos primeiros dois meses de 2023, mais de 27 milhões de doses foram desperdiçadas.
No Rio Grande do Sul, por exemplo, 500 mil doses nem chegaram a ser distribuídas aos municípios. Um prejuízo de R$ 500 mil. E a expectativa é que, nos próximos seis meses, mais 20 milhões de doses irão vencer no Brasil.
Desde o início da pandemia, o descarte das vacinas contra a covid-19 gerou um prejuízo superior a R$ 2 bilhões aos cofres públicos, além de prejudicar os esforços no controle da doença.
Fatores que levam ao desperdício de vacinas
Existem vários fatores que podem contribuir para o descarte de imunizantes, tais como:
- Falta de planejamento e organização
A falta de planejamento e organização na distribuição pode provocar excesso de vacinas em algumas regiões e escassez em outras, podendo resultar em vacinas vencidas que não puderam ser utilizadas.
- Ineficiência no recebimento e na expedição
A RDC 430 diz que, a cada operação de recebimento, devem ser verificados e registrados a integridade da carga, os números dos lotes, a data de validade, as quantidades recebidas em relação aos pedidos efetuados e notas fiscais recebidas, entre outros pontos. Sem esse controle, aumenta o risco de os imunizantes chegarem ao seu destino com o prazo de validade perto do fim.
- Falhas na comunicação
Falhas na comunicação entre os responsáveis pela distribuição das vacinas também contribuem para o desperdício.
É fundamental cuidar do compartilhamento das informações sobre a disponibilidade e a validade dos imunizantes, evitando atraso na distribuição ou no envio de produtos vencidos para uso.
- Equipes sem treinamento
O treinamento dos times impacta diretamente tanto a conservação quanto a distribuição das vacinas. Os funcionários têm que ser preparados a partir dos Procedimentos Operacionais Padrão (POPs).
A padronização promove a qualidade dos produtos e a segurança de todos, de acordo com o Manual de Rede de Frio do Programa Nacional de Imunizações.
- Ausência ou falhas de Qualificação e Validação
Inúmeros problemas na cadeia de frio podem surgir se não há Qualificação Térmica e Validação adequadas, segundo a RDC 430.
As vacinas precisam ser armazenadas em temperaturas específicas para manter sua eficácia. Qualquer interrupção na cadeia de frio pode levar à deterioração dos imunizantes e, eventualmente, ao descarte. Isso pode acontecer durante o transporte, armazenamento ou distribuição.
Conheça (e evite) os 10 erros da logística farmacêutica neste post.
RDC 430: boas práticas
A RDC 430/2020 padroniza as regras de boas práticas aplicadas às empresas que distribuem, armazenam e transportam medicamentos.
Essa norma inclui a obrigatoriedade por parte dos operadores logísticos de manter um Sistema de Gestão da Qualidade ativo, autoinspeções regulares, checagem para descobrir as origens de possíveis falhas e mitigar seus efeitos, principalmente no manejo de medicamentos termossensíveis.
A Resolução 430/2020 determina, ainda, o monitoramento e controle das condições de temperatura, acondicionamento, armazenagem e umidade de medicamentos e produtos termolábeis. E cabe às empresas em questão fazer isso com instrumentos calibrados e dispostos nos pontos críticos dos ambientes.
Perda de insumos pode ser evitada
Toda a cadeia de frio requer boas práticas para conservar as propriedades dos produtos farmacêuticos, em especial as vacinas.
Portanto, desde a fabricação, passando pelo transporte e armazenamento até ao consumidor final, o processo necessita de cuidados como a Qualificação e a Validação, para atender às normas vigentes e preservar a eficiência dos medicamentos.
Quer saber mais sobre como combater o desperdício de vacinas? Aqui, você encontra 5 dicas para evitar a perda de insumos.
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